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Fratura acetabular em ciclista amador



Dr. Juliano Maia

29 de julho de 2020.


As fraturas acetabulares apresentam uma incidência bimodal, são mais comuns em jovens, devido a traumas de alta energia cinética, como acidentes automobilísticos e atropelamentos; e em idosos, associado a osteoporose e quedas. O diagnóstico pode ser realizado por radiografias em incidências ântero-posterior, Alar e Obturador. A Tomografia computadorizada aumenta a sensibilidade diagnóstica, auxiliando no plano de tratamento.


O prognóstico dependerá da gravidade da lesão, além das condições prévias de cada paciente. O objetivo desse trabalho é demonstrar uma fratura de acetábulo em um ciclista amador e comparar com a literatura o tratamento proposto.


Casuística e Método: Não se aplica. Resultados: A.S.V, 56 anos, branco, casado, médico, ciclista amador. QD: Dor em quadril há menos de 30 minutos após queda de bicicleta.


HPMA: Paciente chega no Pronto Socorro Municipal trazido de SAMU com história de queda de bicicleta, durante o treino. Paciente imobilizado em prancha rígida e colar cervical, queixando-se de dor em região lateral do quadril direito, lancinante, intensidade 10/10, sem irradiação, com perda da sensibilidade tátil, movimentando o pé com dor e dificuldade. RX de quadril evidenciando fratura por impactação da cabeça do fêmur direito no teto do acetábulo. Reavaliação: Após analgesia com tramadol, paciente refere pouca melhora da dor. Foi solicitado uma Tomografia Computadorizada 3D da pelve, evidenciando: fratura cominutiva em teto de acetábulo e de colunas anterior e posterior. Paciente encaminhado para enfermaria, onde realizaram tração do membro inferior direito com 6kg.


Antecedentes: Pratica ciclismo há 18 anos, sendo 8 anos para desempenho amador profissional, com volume de treino de 350-400km semanais, realizando treinos de explosão, intervalados e longa distância durante a semana. Faz treinamento para fortalecimento muscular, 1h/treino, 1 vez na semana. Pratica treinos de corrida há mais de 40 anos, cerca 10-15km semanais, intensidade leve a moderada. Prova alvo: BRASIL RIDE 2018 – prova de mountain bike, realizada na Bahia, distância de 600km, altimetria de 1.300m, em 7 dias consecutivos de prova.


Tratamento: por ser uma fratura instável, Senegas tipo 3 e apresentar fragmentos ósseos intra-articulares, foi realizado Artroplastia total de quadril, com fixação dos demais locais de fratura com placas maleáveis e parafusos. Incisão lateral, tipo transtrocantérica de Senegas. Cirurgia realizada no 5ºdia pós trauma. Não apresentando complicações.


Discussão: Os bons resultados do tratamento cirúrgico da fratura de acetábulo dependem basicamente dos seguintes fatores:

  • boa redução e fixação da fratura

  • escolha de acesso adequada e prevenção de complicações precoces, como lesão neural (presente em 17,4% em fraturas de coluna posterior)

  • tromboembolismo e infecção;

  • Tardias, como necrose avascular da cabeça do fêmur e osteoartrite degenerativa.


O paciente deverá ser acompanhado com uma equipe multidisciplinar, contando com a ajuda de enfermeiro, fisioterapeuta, ortopedista e médico do esporte. Reabilitando assim o mais brevemente possível. Devido ao aumento acentuado do ciclismo como esporte e meio de transporte no Brasil, é possível que ocorra também um aumento proporcional das lesões e traumas relacionados a essa modalidade. O profissional da saúde deve orientar seus pacientes quanto a promoção do esporte e seus meios de prevenção de lesões.


Conclusão: O ciclismo como esporte e meio de transporte cresce dia após dia no Brasil, assim como as lesões associadas. A fratura acetabular é um desafio de tratamento, devido a sua complexidade e grande número de possíveis complicações. Os maus resultados estão mais relacionados ao tipo de fratura, ao politraumatismo e à presença de infecção, do que ao tempo pré-operatório.


Por isso, um tratamento básico, como redução do quadril e tração esquelética são itens importantes para garantir bons resultados, mesmo em centro menores, enquanto o paciente aguarda transferência.

Autores: Vieira TRS, Cirílico PB, Maia JG, Teixeira AM, Campos AL, Daher SS.

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